Uma série de fatores tem levado os consumidores em geral a, literalmente, se jogarem em busca de um carro novo, contudo, sem medir as conseqüências, que tem chegado a galope.
A redução do IPI, as propagandas cada vez mais atrativas das montadoras, a facilidade de pagamento, enfim, criam uma atmosfera positiva para que, principalmente, os consumidores da classe média julguem que a compra de um carro zero seja um ótimo negócio e mais, imperdível, em razão da estratégia do governo de ameaçar o fim da benesse que nunca chega.
Sabidamente o automóvel nunca foi um investimento recomendado pelos especialistas, não somente porque é um bem que deprecia com o tempo, pelo desgaste do material, mas também pelas mudanças regulares de modelos, que geram a expectativa no consumidor de renovar o bem todo o final de ano.
Além do valor alto do bem, acompanham as despesas do financiamento os custos com o seguro, hoje obrigatório em razão da criminalidade irrefutável, manutenção, IPVA, combustível, garagem, entre outras despesas naturais provenientes da propriedade do veículo adquirido.
A soma de todas as obrigações acaba por conflitar com as despesas cada vez maiores com alimentação, talvez o maior vilão de todos os tempos, plano de saúde, medicamentos, vestuário, educação, enfim, os passivos que comumente assumimos com a maioridade.
O primeiro sinal dos problemas ocasionado pela compra desmedida do tão sonhado carro novo começa com o atraso das prestações, o que por si só, acarreta no acúmulo de inúmeras taxas e juros sobre juros que elevam a prestação originária em valor quase impagável.
Em seguida, a falta de recursos para adimplir as parcelas acaba por gerar a famosa bola de neve, ou seja, dá-se prioridade para pagamentos essenciais como luz, telefone, plano de saúde, supermercado e o boleto do financiamento do carro vai ficando para depois.
Tempos depois, a dívida que era x virou x² e assim por diante, causando muitas vezes a cobrança via judicial e a busca e apreensão do veículo que de sonho acaba virando um pesadelo.
Para contornar essa situação de extrema dificuldade e de superendividamento, a saída é buscar a ajuda de um advogado para revisar o contrato assinado, não raro de adesão, ou seja aonde não é permitido ao consumidor alterar as cláusulas, lançando mão das disposições do Código do Consumidor, possibilitando o pagamento da dívida de forma justa e menos prejudicial.
Os juros estão cada vez mais difíceis de reduzir, até pela baixa histórica dos índices aplicados no comércio, mas outras cobranças podem ser reduzidas e até eliminadas do montante cobrado, possibilitando ao consumidor respirar e tocar a vida em frente até se ver livre de todas as agruras de buscar a aquisição do carro novo sem planejamento.